quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

1 por 2

A melhor divisão cá de casa é um espaço 1 por 2 chamado... sofá. Dizem que entorta as costas (o que confirmo) mas a verdade é que endireita a alma. Afinal, o que é que são as omoplatas deslocadas em troca de uma ou duas horas molenguice? Quer me parecer que nada! Para além disso, quando se está deitado, o único movimento que se faz é mecher os dedos das mãos, ou para coçar alguma parte do corpo mais incomodativa, ou para fazer zapping.
Um fenómeno muito curioso que ocorre quando já estou naquela fase em que eu e o sofá somos um só, é o facto de, apesar de a minha bexiga estar prestes a rebentar e de até haver duas casas de banho a poucos metros dali... nada acontece. Continuo ali, voluntariamente preso áquele pedaço de madeira, molas, ferro, almofadas e pano. A bexiga a dilatar. Nessa altura começo a pensar: "Bom, se calhar é melhor levantar-me". Novamente, nada acontece. A bexiga a dilatar. "Isto está a tornar-se incomodativo, se calhar é melhor levantar-me...... deixa-me ver o que está a dar no canal odisseia". A bexiga ainda a dilatar.
Não percebo que poder oculto tem este canapé com costas e assentos estufados (definição do dicionário), mas a verdade é que o tem! Suga-nos as forças e até a própria vontade... mas o que é isso em troca de uma ou duas horas de molenguice? Quer me parecer que nada!

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007


FFFFFOOOODDDDAAAA-SSSSEEEEEE!!!!!!!!!



... Não há nada como um bom palavrão para aliviar o espírito!

segunda-feira, 19 de fevereiro de 2007

Vazio

No nada me sinto, flutuando
Entre o finito e o infinito
Subitamente...
Serás tu?
Abro os olhos e vejo-te: muda, bela e imperfeita
Quero sentir-te... estás tão perto...
Lentamente, as nossas cabeças encontram-se
O calor da tu respiração invade-me
Passo as mãos pelo teu corpo esguio e sereno
Quente, cada vez mais quente!
Todos os sentidos se misturam, condensando-se num só
Os lábios, instintivamente, aproximam-se
Mas...
Vais ficando cada vez menos densa, menos real, menos quente
O teu corpo vai preenchendo o infinito, porém, estranhamente, o finito continua vazio
E esta névoa em que te transformaste envolve-me suavemente
Fecho os olhos
Já não te sinto, só sinto...
Frio

sábado, 17 de fevereiro de 2007

Rotina

Ah, os Sábados de manhã! Finalmente um pouco de descanso, finalmente um pouco de ócio, finalmente... "Toca a acordar, que esta casa está a precisar de ser limpa, parece o ninho do cão!" Ah, a doce voz dos Sábados de manhã! São nove em ponto. Levanto-me da cama e dirijo-me, cambaleando, à casa de banho para tomar o meu duche matinal. Já na banheira, enquanto tiro o surro do corpo, aproveito e passo mais um bocado pelas brasas. Pequeno almoço: dois yogurtes danone pedaços de morango. Nas aberturas vêm duas frases que me tocam profundamente e que nunca irei esquecer: "Gosto de ti ao natural" e "Dás-me mimos de andar na lua! Teu, Astronauta". Obrigado por me animares Sr. Danone! E agora, com o pano do pó na mão, o sonasol amoniacal entre os dentes e de aspirador em punho, vou à luta. Não hade ficar nem um ácaro vivo nesta casa... nem um!

quinta-feira, 15 de fevereiro de 2007

16:37 pm

Sinto a cabeça pesada
A luz cinzenta e mórbida que atravessa a janela turva-me a visão
Não estou lá nem cá
O ar torna-se mais e mais espesso a cada inspiração... o peito solidifica
Este silêncio tão violentamente e agressivamente calmo incomoda-me
Um estranho formigueiro lambe-me o corpo
Não chove

Ao menos se chovesse...

E sempre este tédio claustrofóbico
E sempre constante e igual
E sempre esta tarde que acaba sempre tarde demais
E sempre...

Ao menos se chovesse...

quarta-feira, 14 de fevereiro de 2007

Dia de S. Valentim

Eu acho que o amor, sim senhor é uma coisa linda, mas esta coisa do dia de S.Valentim é demais! Ele são cartões, ele são chocolates, ele são porta-chaves com ursinhos pendurados, ele são músicas lamechas na rádio... se há um dia em que eu tenho medo de sair à rua é no dia dos namorados e não nas sextas feiras 13. Isto porque quando passo por um casal de namorados que estão num banco de jardim a falar um com o outro numa língua estranha, do género: "O meu pitchu gota do xeu bijuzinho gota? Ai que o meu bebexinho tem coxiguinha no xuvaquinho, tem xim xinhô", fico com pesadelos a noite toda. Outra das coisas que não me agrada nada é excesso de trabalho que dão aos querubins. Obrigam-nos a andar dia e noite, desnudados, a voar de um lado para o outro e a disparar setas a torto e a direito... se isto não é exploração infantil o que é? (O facto de não estarmos na Indonésia ainda torna tudo isto mais chocante). Como não dão descanso aos coitados, é normal que a pontaria deles não seja a melhor; resultado: "mas porque é que me apaixono sempre pela pessoa errada!?"